Movimento de Natal – Início da década de 1940, época da 2ª Guerra Mundial. Natal era uma cidade com 60 mil habitantes. No final de 1941, 20 mil soldados americanos desembarcaram nas praias de Parnamirim. Isso significava um aumento bastante expressivo da população, e que traria suas conseqüências no campo social, econômico, cultural. Procópio Camargo, autor do Livro O Movimento de Natal, usa o termo desorganização social para explicar o que viria acontecer: “a instalação das bases militares, a chegada de técnicos e tropas americanas propiciaria o desequilíbrio da organização social da área, ocasionando elevação do custo de vida, proliferação das casas de tolerância, crise habitacional, mudança de comportamento com a introdução de novos costumes que abalam a estrutura tradicional. A grande procura de mão-de-obra para a construção e instalação do campo de Parnamirim e da Base Naval termina por ocasionar uma imigração rural em larga escala”.
Diante da situação, os jovens sacerdotes Eugênio Sales e Nivaldo Monte começam a pensar um jeito de “reorganizar” a sociedade em Natal. O conjunto de ações sociais realizadas pela Arquidiocese, na época recebeu o nome de Movimento de Natal. Criação do Patronato de Ponta Negra, idealização de reuniões e de cursos de formação permanente do clero, frentes de trabalho, incentivo à organização de Sindicatos de Trabalhadores Rurais, criação da Campanha da Fraternidade, formação de lideranças, missões rurais, escolas radiofônicas, cooperativismo, educação de base mobilizavam pessoas e grupos, em busca de transformações sociais e da promoção humana.
O idealizador - Em 21 de novembro de 1943, é ordenado sacerdote o Padre Eugênio de Araújo Sales,natural da cidade de Acari-RN, nascido a 18 de novembro de 1918 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de julho de 2012 , Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro. Dom Eugênio releva que, em sua adolescência, não queria ser padre, mas agrônomo, uma vez que se identificava com questões ligadas ao meio rural. “Nas minhas férias do seminário, eu aproveitava para ler coisas relacionadas à agricultura”, relembra. Um dia após sua ordenação, o então Arcebispo de Natal, Dom Marcolino Dantas, nomeia-o pároco de Nova Cruz, onde só ficou 7 meses. Em seguida, foi nomeado diretor espiritual do Seminário São Pedro. De 1954 a 1961, foi Bispo Auxiliar e, de 1965 a 1967, Administrador Apostólico da Arquidiocese de Natal. Neste período, participou da elaboração de três documentos do Concílio Vaticano II. “Trabalhei na elaboração do Inter Mirifica, que trata das comunicações sociais; em outro momento participei da elaboração do Gaudium et Spes, que se destina ao Apostolado dos Leigos. Eu fui v árias vezes a Roma e nunca faltei uma sessão. Trabalhava, inclusive, com o atual Papa João Paulo II”, diz o Cardeal, com satisfação.
Primeiros passos - Era final da década de 1940. Um dia, reuniram-se, ocasionalmente, na casa do então Pe. Nivaldo Monte, em Natal, o Pe. João Correia de Aquino, o Pe. Expedito Sobral de Medeiros e o Pe. Eugênio Sales. “A conversa estava boa e um de nós disse: “como seria bom se pudéssemos nos reunir de vez em quando. O Pe. Eugênio disse que havia uma casa em Ponta Negra e que poderíamos usa-la para essas reuniões”, relembra o Mons. Aquino. A partir daí, outros padres foram se unindo ao grupo e começaram a se reunir, mensalmente. Naquela época, Ponta Negra era isolada de Natal. “Como não havia estrada, íamos em cima de caminhão, todos de batina”, conta o Mons. Aquino.
As primeiras reuniões eram mais um momento de lazer dos sacerdotes. Depois, diante da situação que Natal vivia, como conseqüência da 2ª Guerra, os padres começaram a discutir os problemas sociais. “Chegou um momento em que todos os padres do interior vinham para essa reunião”, recorda Dom Eugênio.
Assim, nasciam, na Arquidiocese de Natal, as reuniões do clero, hoje, realizadas em todas as dioceses do Brasil. Em alguns lugares, as reuniões acontecem periodicamente; noutras, esporadicamente. Em Natal, atualmente, é realizada nas terceiras quintas-feiras de cada mês, no Centro de Treinamento de Ponta Negra, em Natal.
Foi a partir das reuniões que surgiu a idéia de promover cursos de formação permanente para o clero e para os bispos. Ainda hoje, todos os anos, no mês de fevereiro, a Arquidiocese de Natal promove uma Semana de formação para o clero, abordando temas atuais.
O primeiro curso para o episcopado foi realizado em Natal, com a participação de 126 bispos. Hoje, este curso é promovido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, geralmente, no início do ano, com adesão da maioria dos bispos do Brasil.
Os encontros permanentes de sacerdotes são apenas o início de várias ações desenvolvidas dentro do Movimento de Natal e que têm continuidade, ainda hoje, no Rio Grande do Norte e no Brasil.
FONTE - ARQUIDIOCESE DE NATAL
FONTE - ARQUIDIOCESE DE NATAL
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